WhatsApp como catalisador da economia digital: além da mensagem, o futuro dos pagamentos?
Possuindo a principal plataforma de mensageria do mundo, era uma questão de tempo que a Meta visse nisso uma oportunidade para se inserir no mercado financeiro
Todas as instituições estão buscando freneticamente uma forma de liderar os pagamentos digitais. Todos sabem que uma conversão forte nesse sentido está a caminho. O mercado certamente vai se concentrar em poucos players e vejo uma luta sendo travada.
A era dos Bancos Digitais
Entretanto, na minha visão, estamos finalizando a segunda onda quando falamos de bancos digitais ou instituições de pagamentos, abrindo caminho para novas possibilidades.
O futuro dos pagamentos P2P e P2M
Em vista disso, a terceira onda desse cenário será marcada pela busca por plataformas ou aplicações que consigam achar soluções para as transações peer-to-peer (P2P) e peer-to-merchant (P2M). A questão é que nessa luta de titãs, algumas empresas que não eram vistas totalmente como pertencentes ao mercado financeiro entraram nessa briga, e entre elas está a Apple e a Meta.
Hoje quero escrever sobre a Meta e como ela pode influenciar não só a comunicação global, como já faz, como também influenciar o fluxo do dinheiro digital global.
Meta e WhatsApp: novos jogadores no mercado financeiro
A Meta decidiu que o WhatsApp será sua plataforma para resolver os pagamentos P2P e P2M. O WhatsApp tem uma vantagem competitiva inegável, especialmente quando falamos de mercados em desenvolvimento. Regiões em que a velocidade de internet é um problema, plataformas mais complexas possuem uma barreira de entrada enorme.
As regiões em que a banda de internet representa obstáculos, o aplicativo tem conseguido um forte vínculo com os usuários.
Com essa interface simples e eficiente que encurta caminhos, não demanda treinamento, está 24 horas ativa e consegue evoluir na experiência do usuário, o WhatsApp mostra-se pronto para um novo desafio.
No momento em que o WhatsApp se tornou a principal plataforma de mensageria do mundo, era uma questão de tempo que a Meta visse isso como uma oportunidade de adentrar ao mercado financeiro.
O papel do WhatsApp nos mercados em desenvolvimento
Se voltarmos nosso olhar para o cenário global, veremos que, na Ásia, especialmente na Índia, esse movimento começou em 2020 e vem crescendo muito desde então. Em maio de 2023, a plataforma Stripe passou a aceitar o pagamento através do WhatsApp. Ainda na Ásia, o WhatsApp está fazendo movimentos significativos, especialmente na Indonésia e Cingapura. Especialmente sobre a Índia, o WhatsApp se juntou à revolução indiana de pagamentos já em 2018.
Similarmente, na África, desde março de 2023, a ClickaTell lançou a plataforma Chat2Pay, permitindo que clientes da TeleKom realizem pagamentos através do WhatsApp. E na América Latina o movimento é muito semelhante a Ásia e África. O próprio Banco Central autorizou testes com o WhatsApp Pay em agosto de 2020 e em 2023, novamente o Banco Central autorizou o pagamento para negócios.
Dando continuidade a essa tendência, a Meta já anunciou que planeja integrar seus serviços de pagamento com o PIX, permitindo que os usuários transfiram dinheiro sem abrir as aplicações bancárias.
WhatsApp e a democratização do sistema financeiro
O que realmente diferencia o WhatsApp em sua jornada para transformar a economia digital é a maneira como ele tem abraçado a inclusão financeira. Ao apresentar transações P2P e P2M, o WhatsApp está não apenas tornando as transações financeiras mais acessíveis, mas também está dando um passo significativo em direção à democratização do sistema financeiro.
Desafios à frente para a Meta e o WhatsApp
Mas engana-se quem achar que tudo serão flores no caminho da Meta. Questões de segurança, privacidade e conformidade regulatória são preocupações válidas que precisam ser cuidadosamente consideradas à medida que o WhatsApp continua a desenvolver suas soluções de pagamento.
O domínio das soluções de pagamentos é um ponto importante rumo à digitalização da economia e novos players estão de olho nisso. Empresas que levaram anos para ter bases de usuários, agora pensam em como ser um Banco Digital. O principal ativo e mais difícil, muitas delas já conseguiram, que é ter engajamento e usuários em suas bases.
A batalha ainda não tem um vencedor, mas pode ter em breve. Por enquanto, o mapa dos pagamentos digitais fica mudando constantemente.
Por Willian Domingues, CIO da Paschoalotto.
Via Assessoria de Imprensa.